Nos dias 6 a 10 de novembro, reuniram-se em Londres jovens ativistas e membros das equipas de várias secções da Amnistia Internacional para a formação Protect the Protest: Global HRE Training of Trainers Programme. Desafiamos a Bruna Costa, jovem ativista portuguesa que participou na formação a contar-nos como foi e qual tem sido o seu percurso como facilitadora na Amnistia Internacional Portugal.
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Este programa surgiu dada a necessidade internacional sentida em desenhar um chão comum sobre a campanha Protege a Liberdade e capacitar facilitadores para terem ferramentas para a abordar em contexto de educação para direitos humanos.
Educar para os direitos humanos pode fomentar um espírito crítico e, ao mesmo tempo, ajudar a desenvolver uma série de competências de comunicação e de ação em prol dos direitos humanos. Abre ainda portas para um processo de aprendizagem, descoberta e ação, cultivado por conhecimentos, competências e atitudes para sermos capazes de reivindicar e defender os nossos direitos humanos.
Foi em contexto de educação para os direitos humanos que tive o meu primeiro contacto com a Amnistia Internacional, em 2017, no Encontro das Escolas Amigas dos Direitos Humanos. Este último e o EJA – Encontro de Jovens Ativistas são espaços de partilha onde, todos os anos, dezenas de jovens são incentivados a participar ativamente na promoção e proteção dos direitos humanos.
Após três anos a assumir o cargo de participante nestes encontros decidi, em 2020, candidatar-me à posição de voluntária para o EJA. Desde então, consigo olhar para o início do processo e visualizar o quanto cresci ao ter tido a oportunidade de fazer parte das equipas de facilitação destes encontros de jovens. O que numa fase inicial era visto como um desafio, rapidamente se transformou numa experiência enriquecedora em que fui impactada por cada reunião, por cada pessoa que cruzou o meu caminho e por cada sessão que ouvi e que facilitei. Esta experiência permitiu-me não só crescer enquanto pessoa e membro da sociedade, como também desenvolver algumas competências transversais que eu sabia que existiam, mas que até então estavam guardadas.
Faz agora três anos desde o meu primeiro contacto com a facilitação e desde que assumi o meu primeiro compromisso enquanto voluntária da Amnistia Internacional na educação para os direitos humanos.
Decidi candidatar-me para integrar o Protect the Protest: Global HRE Training of Trainers Programme, uma vez que olhei para esta oportunidade como a cereja que faltava no bolo de várias camadas que para mim tem sido toda a experiência de educar para direitos humanos.
Os principais objetivos desta formação passaram pela promoção da reflexão e do debate crítico sobre as várias temáticas dentro da campanha Protege a Liberdade, incentivando simultaneamente o desenvolvimento e a implementação de ações para reforçar a aprendizagem.
A formação foi concebida em três fases distintas, visando proporcionar uma experiência abrangente e enriquecedora aos participantes. Na primeira etapa, imergimos na versão internacional do curso on-line Protege a Liberdade. Esta iniciativa foi essencial para dotar os participantes de uma sólida base de conhecimentos, uma vez que um dos objetivos principais da formação era explorar estratégias para abordar a campanha Protege a Liberdade em educação para os direitos humanos.
Na segunda fase do processo, participámos num workshop online, onde começámos a construir um chão comum de conhecimentos sobre a temática e onde tivemos, pela primeira vez, contacto com os participantes que viriam a representar as outras secções da Amnistia Internacional na formação presencial.
Finalmente, o ápice da experiência ocorreu em Londres, onde nos reunimos presencialmente por cinco dias de imersão total. Durante este período, não só tivemos a oportunidade única de interagir e colaborar com pessoas provenientes de contextos e vivências distintas das nossas, como também de nos envolvermos em atividades e discussões acerca dos temas da campanha.
Esta experiência aprofundou a minha compreensão sobre a campanha Protege a Liberdade e alertou-me para as possíveis barreiras e desafios relacionados com a educação para direitos humanos. Ademais, fortaleceu as minhas capacidades de facilitação e permitiu-me criar laços com aqueles que, assim como eu, acreditam que existe um longo caminho a percorrer para proteger a liberdade de expressão, manifestação e reunião pacífica e que a educação para os direitos humanos tem um papel fundamental nele.
Bruna Costa