artigo escrito por Francisco Cacheira
Era uma quarta-feira como todas as outras: chegado ao intervalo grande, lá fui eu para a biblioteca, para mais uma reunião do Grupo das Escolas Amigas dos Direitos Humanos. Pensei que fôssemos, mais uma vez, falar das ações que íamos executar na escola nas semanas que aí vinham…, mas não. Naquele dia, a nossa reunião foi para falar do Encontro EADH que iria acontecer. E eu, interessado que sou por este tipo de atividades, fiquei logo com uma grande vontade de participar!
Passadas umas semanas, lá estava eu, no comboio, rumo a Tomar com os meus colegas e professoras da escola – e estava bastante enérgico! Logo lá (no comboio) pude conhecer os primeiros participantes de outras escolas, e fiquei logo com a impressão de que seria um encontro recheado de pessoas divertidas e interessadas. Continuámos a viagem, e, entretanto, já estávamos no autocarro para Ferreira do Zêzere. Comecei aí a conhecer pessoas de mais escolas, que, como eu, também estavam ansiosas para chegar à sede dos Escuteiros, onde íamos ficar, e que também queriam muito “pôr a mão na massa”, e conhecer mais acerca daquilo que é a Amnistia Internacional e o projeto, e trabalhar os Direitos Humanos.
Finalmente chegámos, e foi já depois do check-in feito pelos nossos monitores que pudemos libertar toda a energia que vinha connosco das horas que passámos sentados nos transportes públicos. Fizemos jogos e começámos a realmente nos conhecermos melhor. Foi um primeiro dia em cheio!
Não esqueçamos, porém, que o encontro não é só um momento de interação. Como disse, fomos lá para conhecer também melhor a Amnistia, os Direitos Humanos, o Projeto em que trabalhamos; assim, no segundo dia, tivemos a oportunidade de trabalhar a fundo estas temáticas. Ganhar noção das realidades tão diferentes que as pessoas têm, dos desafios que enfrentam todos os dias sem que nós nos apercebamos disso impactou-me bastante. Conhecer melhor a Amnistia Internacional e o Programa das Escolas Amigas dos Direitos Humanos foi muito positivo para mim e para o resto do meu grupo, pois agora temos uma maior noção da complexidade, por exemplo, das investigações e análises feitas pela Amnistia todos os dias em tantos pontos do mundo. Também compreender melhor a situação que se vive em Gaza me abalou muito. Apesar das informações chocantes que recebemos todos os dias, é sempre aflitivo saber mais aprofundadamente aquilo que naquela região se passa – mas é necessário sabê-lo e condená-lo.
Outro grande ponto do encontro foi a ação de rua. Tendo como tema principal a situação vivida em Gaza, fizemos uma vigília, à noite, em frente à Câmara Municipal. Ao final da tarde, começámo-nos a preparar para a vigília, escrevendo textos, levantando uma faixa, dobrando papagaios, cobrindo o chão com velas e criando uma equipa de fotógrafos. Aqueles minutos de reflexão, na praça, e as palavras que ouvimos pela boca dos nossos colegas e das entidades presentes, foram muito importantes para mim e para todos. Terminámos a noite com um momento cultural de grande qualidade… Ferreira do Zêzere tem muito talento!
Mais uma noite volvida, e começámos o terceiro dia com uma visita ao Lago Azul e a Dornes. São dois sítios de uma beleza indescritível, e gostei muito de poder desfrutar da paisagem e da aldeia em si com tantos amigos e amigas. Tirámos a foto de grupo e provámos os dornitos, que sabiam muito bem! Ao voltar para Ferreira, compreendi que o encontro já estava quase a acabar…, mas ia aproveitar as últimas horas ao máximo. Tivemos a última reunião, dissemos aquilo que foi o fim de semana para nós, e fomos almoçar. Depois do almoço, começaram os abraços e as despedidas.
Lá voltámos para Tomar, e, com o coração apertado, dissemos adeus e seguimos viagem.
Enfim, descrever um fim de semana como este em tão poucas palavras torna-se difícil, mas fiz o melhor que pude. Foi um encontro que me deu a conhecer pessoas fantásticas, temas muito interessantes e realidades muito contrastantes neste nosso mundo. Agora, é trabalhar na escola e esperar por mais um encontro EADH!